
Qual seria a sua idade se você não soubesse a idade que tem? - por Franco Vasconcellos
Quando o sábio chinês Confúcio, lá em 500 e poucos a.C. fez o questionamento que intitula essa crônica, nem meus ttravós eram sequer um projeto. Faz tempo.
Agora, no dia 30, completo trinta e oito anos. Estou longe de ser gagá, mas quando era mais novo achava que seria quando fosse um velho de 40. Estou perto então.
Lá nos idos de 1970, o grande Millôr Fernandes escreveu uma crônica que tratava, em sua essência, da passagem dos anos, intitulada “Ser Gagá”. Uma das frases que trago na memória diz exatamente o seguinte: “(Ser gagá) É dobrar o jornal encabulado, quando chega alguém jovem da família, mas ficar olhando, de soslaio, para os íntimos da coluna funerária”. Íntimos na coluna funerária? Deus não permita!
O espelho é implacável e me mostra o passar dos anos. É certo que tenho andado cansado e que não tenho mais a energia da adolescência. Só não consigo me achar o "tão velho" que minhas filhas acham.
Constantemente dizemos que devemos valorizar o tempo, valorizar os minutos, porque a vida é uma oportunidade a ser aproveitada. No tempo de Confúcio, a velhice era o auge da glória humana, hoje tornou-se um processo contínuo de perdas e de dependência. Creio que o que importe seja aquilo que os estudiosos chamam de idade funcional, ou seja o significado que damos à nossa idade.
Esse significado do qual falei acima, tem se transformado numa velocidade de videoclipe. Em conversas mais informais já utilizo, seguidamente, a expressão "no meu tempo era assim", "no meu tempo era assado"... Noutro dia, na faculdade, onde sou rodeado por guris e gurias recém saídos no Ensino Médio, um professor me veio com um elogio: "Bonita camisa, Fernandinho...". Só eu e ele entendemos a piada. Você mesmo, leitor,se tiver menos de 35 não vai entender... procure no Google... tá lá.
Divagações à parte, o que percebo é que hoje, as menininhas de 11 e 12 anos tem mais peito que as de 16 "do meu tempo"... e que os velhos já não envelhecem tão cedo... Amadurecemos mais cedo... e envelhecemos mais tarde. Me parece que nossa vida útil está cada vez maior. Vamos aproveitá-la, então. Sempre é tempo de restaurar e corrigir, começar e recomeçar... Quanto a estar bonito ou feio... bonito é gostar da vida.
Franco Vasconcellos e Souza, gaúcho de Erechim, escreve sobre o cotidiano e aceita sugestões dos leitores