
Sarau das prendas, beleza e tradição - por Mariane Soares
O Tradicionalismo vai além da indumentária, da música e da preservação dos costumes, tem um jeito de viver singular, e traz, no vocabulário, uma nomenclatura própria.
Quando o Movimento Tradicionalista iniciou, em 1947, apenas os homens frequentavam os bailes e os galpões de CTG. Com o tempo, os Centros de Tradições Gaúchas se tornaram entidades familiares, onde as irmãs, mães e filhas passaram a participar das atividades, junto aos homens da família.
Até hoje, nos CTG’s, o baile é de luz acesa, sendo o ambiente tranquilo e familiar. As entidades tradicionalistas, regidas pela Carta de Princípios do MTG, mantém as regras éticas e morais do gaúcho.
O Sarau de Prendas é um exemplo da maneira peculiar de cultivar a tradição e nada mais é do que um baile de debutantes à moda gaúcha, onde as prendas (debutantes) usam o traje feminino típico do Rio Grande do Sul. O vestido de prenda, inspirado na moda europeia da década de 1940, tem diretrizes definidas pelo MTG.
No sarau admite-se modelos um pouco mais sofisticados. A vestimenta é diferente da prenda adulta, mas algumas coisas todos tem em comum: os vestidos não possuem decotes e a barra da saia deve sempre chegar ao peito do pé.
Na cultura gaúcha, o Sarau deve ser o primeiro baile da prenda que, após esta data, passa a frequentar os fandangos. É um rito de passagem da infância para a adolescência. Geralmente, as debutantes são apresentadas com o nome de seus pais, a música preferida, poesia e uma frase ou mensagem que as defina. Em seguida, dançam uma valsa, sendo a mais tradicional “Prenda jovem”, cuja autoria é do grupo “ Os Serranos”. Seus versos, transcritos a seguir, nos diz muito da essência desta solenidade, repleta de encanto, sonho e magia.
Prenda Jovem
(Os Serranos)
Baila comigo esta valsa prendinha, roda na sala por primeira vez,
hoje não é mais aquela menina, pois prenda jovem agora se fez.
Foste a semente que com muito amor verde esperança de sonhos plantei,
vejo-te desabrochando feliz e eu mais feliz porque a vida te dei.
Flores, perfumes, sorrisos e luz, cenário de sonhos e felicidade.
Tudo é alegria, ternura e canção, na passarela restou a saudade.
Rodas agora com quem tanto quis, ver-te tão linda entre flores fulgir
e neste dia de sonho incomum cantemos todos então a sorrir.
Rodar, rodar neste imenso jardim, rodar, rodar sorrindo pra mim.
Sarau de prendas de 1993
Mariane Soares
Ex-primeira prenda da 27ª Região Tradicionalista Professora, Instrutora da Invernada Artística do CTG Rodeio Serrano, Diretora do Departamento Cultural do CTG
• Publicado na Revista Usina da Cultura - número 06 - Outubro de 2013